Época cabulosa

O domingo terminou com uma indagação que, até esta segunda-feira, ainda não fora respondida. O que querem os cerca de 1.500 jovens que foram para a avenida Paulista  gritar "Fora PT", "Dilma sabia", além de pedidos de impeachment da presidente reeleita e de intervenção militar?.
O ato, combinado pela internet, reuniu pessoas conhecidas e anônimas. Entre os "astros" estavam o cantor Lobão e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSC), filho de Jair Bolsonaro (PP).  As notícias sobre o ato geraram uma celeuma sem fim na internet, entre os favoráveis e os contrários à reivindicação.
Outro leitor, indaga: "Será que essas pessoas, que pedem por isso, sabem que a intervenção militar só é possível em caso de guerra declarada?”
“Mesmo com todos os problemas que nosso país carrega, pelo menos temos acesso a uma parte considerável das informações. O problema do Brasil é o brasileiro que quer administradores e políticos corretos, mas na hora de abrir mão de um benefício ou um 'jeitinho' não o faz. Serão necessários aproximadamente 50 anos para lavar essa geração que aí está e talvez construir uma nova com outros conceitos”.
Uma manifestação via web afirma que na Constituição Federal está assegurado o direito de o povo conclamar publicamente as Forças Armadas para intervenção, pois é do povo emana todo poder. "Estamos divididos, más somando ao clamor popular", insistia.
Dificuldade em reconhecer que perderam? Pode ser. Aécio Neves foi pego de surpresa com a derrota nas urnas. Antes do resultado oficial, amigos e parentes já davam como certa a vitória tucana.
Um amigo do candidato informou a Aécio que o candidato havia aberto larga vantagem sobre Dilma. A informação teria sido palco de uma retumbante comemoração no apartamento da irmã do presidenciável, Andréia Neves, em Belo Horizonte. “Só que não”, diriam os jovens.
No início do ano, Aécio também já contava com a vitória em Minas Gerais, seu reduto político. E a fonte quente é a Revista Veja. “#Só que não II”. 

Como disse um colunista no fim de semana: “O negócio agora é juntar os cacos do camarote, reunir forças e se preparar para os debates com Lula em 2018. Quem sabe até lá, ele seja merecedor do cargo”.
A luta, dizem analistas políticos, não poderá parar. Primeiro, porque o PSDB poderá ter outro nome para colocar na disputa. Depois, o tucano precisará garantir que na eleição municipal de 2016 o PSDB mineiro saia fortalecido das urnas.
Ademais, é torcer para que não tenhamos pela frente um revertério sem precedentes no jovem processo democrático, em função das manifestações nas ruas e da falta de limites na liberdade de expressão. O que tem sido postado nas mídias sociais, desde o primeiro turno da eleição não é liberdade de expressão é libertinagem e crime.

Temo que o mau uso da liberdade de expressão seja usado como subterfúgio para um cerceamento ainda maior, sonho de todos que estão no poder. 
Todo golpe, toda ação ditatorial começou com manifestações bobas pelas ruas e até atos impensados como o de um ex-militar, que neste fim de semana vestiu a farda e postou um chaveiro com o simulacro de uma bala de fuzil, afirmando que era para a presidenta. Preliminarmente o governo afirmou que o caso não será apurado, pois não se trata de um crime militar.
Em “democracias”, como Estados Unidos e Inglaterra, esse cidadão estaria preso. Se aqui não o foi é porque poderemos ter uma reação em escala muito maior sob a alegação de “defesa dos interesses nacionais”. Militares existem para uma função maior: proteger o Estado e o mandatário máximo da nação, seja um presidente, uma “presidenta”, imperador, rei ou rainha.

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