Brasil dos Barbosa e Moro

Dizem que faltam heróis ao Brasil. Há uma série de divergências em se reconhecer figuras históricas ao longo da existência da nação.  

Poderia ser considerado heroico, o ato do imperador Dom Pedro II, que teve pulso firme para manter a união das províncias no seu governo e evitou que o território brasileiro se transformasse em um retalho de republiquetas.  

Duque de Caxias é patrono do Exército, mas historiadores vêm na atuação dele, na Guerra do Paraguai, atos pouco heróicos. A ação contra o exército do tresloucado Solano Lopez está muito mais para um genocídio.  

Poderia ser Tiradentes, o mártir da Inconfidência, mas o fato de ser mineiro cega os seus feitos aos olhos dos paulistanos e sulistas. 


Mas, parece que há uma mania dos heróis temporários.  Em 2013 esse herói temporário foi o ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, que lutou contra um visível posicionamento de alguns de seus pares na Corte Suprema e mandou para a cadeia homens poderosos na política e na economia, envolvidos no esquema de corrupção apelidado de mensalão. 

O juiz federal Sérgio Moro, do Paraná, comanda o processo do bilionário Caso Lava Jato, classificado como o maior esquema de corrupção da história moderna do Brasil
Agora, o herói do momento é o juiz federal do estado do Paraná, Sérgio Moro, que comanda a célebre Operação Lava Jato. 

Discreto, o magistrado costuma dispensar o barroquismo do juridiquês tão comum nos tribunais brasileiros. Sua decisão de autorizar a Polícia Federal prender empreiteiros do país e confiscar o dinheiro deles, é um ato heroico do momento.  

E tem conseguido isso negociando a delação premiada dos envolvidos, entre eles ex-funcionários de alto escalão da Petrobras e os empresários. Empreiteiras que encimavam títulos de matérias das revistas de economia do País, agora são manchetes das páginas policiais.  

Além da Polícia Federal e do Ministério Público, outras instituições, como a Receita Federal, se uniram – de forma inédita – a essa força-tarefa. Será uma tentativa de resgatar a credibilidade das instituições públicas? 

Será preciso muito mais para provar que crimes cometidos por gente cada vez mais graúda também são punidos, mesmo que isso chegue aos gabinetes mais poderosos da República. Isso somente seria possível em um país com instituições fortes e consolidadas.

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