Não quero essa liberdade de expressão

É engraçado ver a reação de brasileiros, na onda das manifestações pacíficas em solidariedade aos franceses, vítimas de ações dos extremistas islâmicos. Milhares de internautas decidiram mostrar a sua adesão utilizando a frase "Je Suis Charlie" (ou "Eu Sou Charlie"), que aparece em diversas imagens, associadas ao negro do luto, partilhadas na Internet. 

Foi o suficiente para que brasileiros inundassem o facebook, twitter e g+ com a hashtag  #jesuischarlie, que desde quinta-feira, está na liderança do top mundial do twitter.

Foto: Agência Brasil  / Tomaz Silva 
Curiosamente, não existe uma manifestação semelhante quando centenas, milhares de brasileiros são mortos todos os anos, vitimados pela violência desenfreada. 

O Brasil tem a 11ª maior taxa de homicídios no mundo, com 32,4  homicídios por grupo de 100 mil, conforme estudo divulgado pela Organização Mundial de Saúde em 2012. Naquele ano, foram registrados no país, 64.357 assassinatos, o que dá  178,7 mortes por mês ou, 44,7 homicídios por semana. De 2012 para cá os números pioraram. E as pessoas não se indignam. 

Em termos locais, o ano de 2014 fechou com um total de 164 crimes violentos contra a vida em 15 dos municípios do Vale do Aço. A cada mês do ano passado, 13 pessoas foram assassinadas na região, mais do que o total da redação do semanário satírico francês Charlie Hebdo. E as pessoas daqui também não se indignaram. Parecem anestesiadas com a violência que, no dia a dia, corre como um manancial à sua porta.  

Agora, quem era o alvo do atentado?
Capa de novembro de 2012 ironizava a Santíssima Trindade, O Pai, o Filho e o Espírito Santo, e trazia o tema casamento gay.
Os desenhos do satírico periódico ofendiam ao profeta Maomé, insuflava a islamofobia na França e desrespeitava o direito da liberdade de credo religioso. A equipe já havia sido avisada que não deveria continuar com as agressões editoriais.

Em uma das charges, Maomé era colocado de quatro; outra afirmava que o Corão é uma merda. Há um caso em que uma figura de Jesus Cristo loiro aparece “enconchando” Deus e, no traseiro dele, o símbolo maçom do Grande Arquiteto do  Universo (Gadu). 

Uma agressão gratuita à Santíssima Trindade. A diferença é que os cristãos - da atualidade - não pegam em armas. 

Está muito claro que, ir contra o profeta Maomé era pedir briga, não com os muçulmanos, mas com os fanáticos. Nem o mais ignorante pode dizer que não conhece a violência de um fanático religioso. 

Dizer que o crime na França atenta contra a liberdade de expressão é de um lugar comum risível. Liberdade não pode ser confundida, em nenhuma instância, com libertinagem.


Não satisfeitos em comprar briga com o islã radical, também já atacam pessoas como a ministra da Justiça da França, Christiane Taubira, retratada como macaca em um desenho na capa  da Charlie Hebdo. Não quero essa “liberdade de expressão” onde eu moro. 

Comentários

  1. Caro amigo. Esse atentado terrorista à revista francesa nada tem a ver com atentado a liberdade de imprensa. Nós vivemos um mito de que jornalistas podem ficar por aí falando todas as besteiras possíveis e que ninguém pode ir de encontro às teses deles, pois será considerado facínora e que está contra a liberdade. Uma blasfêmia ! A partir disso , muitos jornalistas fazem, escrevem e falam qualquer asneira e somos obrigados a ouvi-los como se eles fossem santos.
    Vários jornalistas são pilantras e usam a pena para destruir reputações. Acreditam que têm salvo-conduto para falar e escreverem o que querem e não aceitam oposição as teses deles, por mais esdrúxulas que possam ser.
    Impressiona-me também os franceses falarem de liberdade e fraternidade. Perguntem aos argelinos e ao pessoal da Indochina se esses arautos da liberdade agiam assim por lá. As pessoas precisam conhecer melhor a história para entender o que anda acontecendo por aí. Escrever #jesuischarlie e replicar isso aos milhões é uma macaquice.

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