Tamanco de mula

Escutei com absurdo espanto, um dia desses, que preferimos esquecer, pessoas que faziam um certo encômio aos modos pouco elegantes de outra. A indigitada em questão tinha comportamento "delicados" como os de babuíno (nada contra os primatas), mas no julgamento de quem elogiava, parecia que se referia a uma pluma.  

Pensava cabisbaixo perdido entre boas lembranças de recomendações do passado: Qual é esse tempo em que as virtudes se confundem com a indignidade?.

Vamos especular sobre possíveis motivos. Talvez, esse tempo em que somos assaltados a qualquer hora do dia ou da noite, em que aqueles que elegemos para nos representar nos assaltam enquanto dormimos, com rombos bilionários, inimagináveis para Rui Barbosa, tenha mesmo levado à extinção do bom senso. 

Parece que perdemos a habilidade que permitia às pessoas separar o valor de uma resposta direta, objetiva e conclusiva, daquelas respostas que são toscas, raivosas e “suaves” como um coice de mula mal ferrada.

Também já houve um tempo em que ter papas na língua era recomendável em qualquer ambiente. Mesmo que fosse um meretrício. Quanto mais em determinados ambientes em que a matéria prima do trabalho é o pensamento humano.  

Mas, quando um humano calça um tamanco de mula não adianta querer consertar. Nem ensinar nada. Não vai aprender, porque não quer. 

Vai continuar a ser mula mesmo. Quem insistir, no mínimo vai levar uns coices e ficar marcado pelas ferraduras. Na saída da porteira, nem um aceno de despedida há de se esperar. Isso cansa um tanto. 

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