Levei um choque com a conta de luz

Pensei que era só minha conta, mas comecei a ouvir relatos por aí. São casos como esse, de um morador do bairro Veneza, Ipatinga/MG.  Com três contas nas mãos, referentes ao consumo dos meses de fevereiro, março e abril, o vendedor autônomo Marcos Antônio Cabral, tenta entender porque sua conta de energia ficou tão cara.

No mês de fevereiro, sua conta apresentou leitura de consumo de 209 kw/h e a fatura somou R$ 163,90, incluindo os impostos, o adicional da bandeira vermelha de R$ 10,60 (mecanismo criado pelo governo para sobretaxar o consumo nos meses em que o custo de geração ultrapassar os limites) e a taxa de custeio da iluminação pública, R$ 26,53.

Já, na fatura do mês de março, o consumo foi de 201 kw/h, e valor da fatura subiu para R$ 193,83. Agora, na fatura que acaba de receber, relativa ao consumo do mês de abril, a leitura aponta gasto de 206 kw/h e a conta chega a R$ 255,05.

Uma das causas do aumento é o salto do adicional da bandeira vermelha, que saiu de R$ 10,60 em janeiro para R$ 22,02 em março, mais que o dobro. A conclusão é que, em relação à fatura de fevereiro, o consumo em kw/h reduziu (de 209 para 206), mas a conta veio 55,61% mais cara. O que está acontecendo? Indaga o consumidor.

O caso relatado por Marcos não é isolado. A disparada de preços da energia intriga muitos consumidores mineiros que já pararam para fazer as contas.

“As altas têm sido constantes. Ocorreram em 2014 e continuaram de forma progressiva em 2015. Pode ver que já comecei a reduzir o consumo e a conta continua a apresentar reajustes. Não sei mais o que fazer, porque está pesando no meu orçamento”, reclama o consumidor.

Procurada para responder sobre as reclamações, a assessoria de imprensa da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) recomenda que os clientes com dúvidas acessem a página www.cemig.com.br ou liguem no 116 – que funciona 24 horas por dia – para obter informações de contas e tarifas, além de destacar o site da Aneel (www.aneel.gov.br) para esclarecer dúvidas sobre as bandeiras tarifárias. A companhia também lembrou que o valor da tarifa aumentou no país.

A Cemig também lembra que em 27 de fevereiro, a Aneel anunciou um reajuste extraordinário nas tarifas. Nesta mesma data, a agência também autorizou aumento para as bandeiras tarifárias. Além disso, houve o reajuste tarifário ordinário – previsto nos contratos de concessões das distribuidoras e que no caso da Cemig ocorre anualmente na primeira semana de abril. “O reajuste ordinário definido pela Aneel aumentou as tarifas em 5,93% para os consumidores residenciais. Por isso a diferença na conta de energia do consumidor, mesmo com a mesma quantidade de kWh nas contas de fevereiro e abril”, informou a empresa por meio de nota.

Alguém tem que pagar pelo rombo
Para especialistas, o encarecimento da conta de luz não está relacionada à escassez de chuva, mas, sim, ao rombo que existe atualmente no setor elétrico, que alcançou mais de R$ 70 bilhões e agora sendo coberto pelo consumidor. No início de abril, a Aneel aprovou reajuste de 5,93% para consumidores residenciais em Minas.

Foi o quarto aumento aplicado pela companhia neste ano. Em fevereiro, o reajuste definido pela Cemig para o consumidor residencial foi de 21,39%. A Aneel também aprovou o aumento da taxa extra das bandeiras tarifárias, cobradas na conta de luz quando sobe o custo de produção de energia no país. O novo valor para 2015 passa de R$ 3 a cada 100kWh para R$ 5,50, aumento de 83%.

Na avaliação do professor de engenharia de energia da PUC Minas Leonardo Ayres Cordeiro, as bandeiras vieram para ficar e servem de alerta. “Não há saída senão a economia. Se não forem tomadas medidas efetivas para aumentar o suprimento energético, caminhamos a médio e longo prazo para o racionamento”, afirmou.

Leonardo Ayres avalia que, para não pagar caro é preciso mudar hábitos. “É possível economizar até 50% sem fazer sacrifício, sem perder a qualidade de vida”, ensina o professor. Trocar a lâmpada incandescente por uma de LED, adquirir aparelhos com mais eficiência energética, tomar banhos mais rápidos e usar o ferro para passar boa quantidade de roupas são algumas dicas importantes.

No ambiente de trabalho, cada um deve colocar o computador na tela de descanso quando sair para o almoço, deixar para recarregar o celular à noite e apagar a luz ao deixar os ambientes que não vai mais usar são medidas simples e que sobrecarregam menos a rede de distribuição.

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