É preciso um freio na autopromoção. Não seja um estelionatário de si mesmo.

Se a farinha é pouca, meu pirão primeiro. Velho ditado me vem à lembrança quando vejo muitos profissionais alardearem o seu trabalho de forma grotesca.

Uma ponta de autovalorização não faz mal a ninguém. Se não valorizar a "prata da casa", quem irá atribui-lhe valor? O que atrapalha é o excesso. O que atrapalha é uma mania de exibicionismo barato, em que alguns profissionais se postam como mais importantes do que os fatos.  

Jornalista não é herói. Nem guerreiro, como gostam de alardear muitas categorias profissionais. Herói nem sempre é verdadeiro. Quase sempre é mito. O dicionário Houaiss, da Língua Portuguesa traz o seguinte significado para "herói":  substantivo masculino / 1.mitologia: Filho de um deus ou uma deusa com um ser humano; semideus. 2. mortal divinizado após sua morte; semideus. Quem se apresenta como herói deve ter sérios problemas nas faculdades mentais.

E os que se apresentam como "guerreiros"? Isso remete à guerra e essa, remete a sangue e à morte. Como adjetivo: 1. Inclinado à guerra. 2. Que gosta de guerra. 3 Relativo a guerra. Como substantivo é: 1. Aquele que guerreia. 2. O que tem ânimo belicoso. Mas, jornalista tem que gostar é da paz social. Comunicador que se apresentar como guerreiro, para mim, é um desviado do caminho.
Seria papel do jornalista fazer discurso público só para agradar determinados segmentos sociais?
O jornalista é aquele indivíduo que, como integrante de um corpo vivo, sabe olhar para as instituições, governamentais ou não governamentais, grupos e fenômenos sociais e, com instrumentos apropriados, avaliar de forma isenta o que vai bem e o que vai mal no organismo vivo que se chama sociedade.

Ah, mas jornalista tem que fazer o que os empregadores (ou seus financiadores) mandam, diriam alguns acomodados que não querem pensar. De fato, geralmente jornalista obedece porque tem juízo. Mas não deve confundir os limites entre atender as determinações dentro de uma empresa e horário em que está sendo remunerado para isso e o momento em que está em outro ambiente. Jornalista preza o nome profissional que carrega vai além desse horário contratado. 

É dever do jornalista (que os teóricos chamam de função social) gritar, acionar a sirene e alertar quando algo vai mal. O resto é publicidade. O resto é discurso para agradar um outro segmento. Portanto, um apelo. É preciso um freio na autopromoção. Não seja um estelionatário de si mesmo. 

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