“O animal era o que batia”

A semana chegou ao fim com duas notícias que geraram intenso bate-boca. Em um primeiro caso, um borracheiro deixou o seu pastor alemão encarcerado e foi curtir o carnaval num sítio distante. 

Deixou para trás aquele que seria, supostamente, o melhor amigo do homem. Com alimentos misturados em meio a excrementos, e sem água, o cão adoeceu depois de quatro dias.  

Vizinhos chamaram a Polícia de Meio Ambiente que foi ao local por duas vezes. Quinta-feira, como o dono não reapareceu para abrir o comércio foram buscá-lo na roça. O cão acabou apreendido. O homem vai ser submetido a uma pena branda, por maus tratos a animal.

“Animais têm mais importância do que seres humanos”, reclamou um leitor. “Senão respeita a vida dos animais, uma pessoa não respeita a vida humanos”, retrucou outro. E assim seguiu-se um rosário de afirmações sem conclusão. 
Foto: Usipa.
Tatu resgatado de predador humano, completamente estrupiado, será devolvido à natureza, se sobreviver
E, por fim, um pobre tatu teve a má sorte de sair do mato, em uma das vias marginais da vegetação no bairro Amaro Lanari, em Coronel Fabriciano, e foi alvo da fúria humana. Um policial passava pelo local e prendeu o agressor. O tatu, desnorteado pelas pauladas, foi parar no Centro de Biodiversidade da Usipa. Caso sobreviva, será devolvido ao seu habitat. 

O caso foi noticiado e abriu-se nova discussão. “Acho que o animal nessa história é quem tentava matar o outro à pauladas”, disparou um leitor.  “ E a empresa que matou milhares de tatus, peixes e várias outras espécies ? Tá tranquila? Tá favorável ?”, indagou outro como se um fato justificasse outro. 

liás, esse argumento tem sido frequente, quando se pega alguém praticando alguma infração ambiental agora. É como se, pelo fato da ocorrência da catástrofe ambiental, outros delitos menores não tivessem que ser coibidos. Diferentemente do que muitos querem disseminar, os responsáveis pela tragédia da mineração em Mariana passam sim, por grave punição, moral, financeira e legal. 

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