Na
impossibilidade de lembrarmos dos homens e mulheres que no passado mudaram
alguma coisa na história, parece que vivemos à caça de personagens a quem
possamos ter como heróis. E também procuramos “reis”. Na impossibilidade do
regime monarquista, tratamos como majestade aqueles que ganham alguma projeção.
Temos rei da
botina, rei do gado, rei do café, rei do cacau, rei da música, rei dos móveis,
rei momo, rei do congado. Só não temos rei da solidariedade e rei da educação. Parece
que, quem faz algo do bem, não tem a mesma projeção que a turma do mal
consegue.
Diante de uma
cobertura massiva da mídia brasileira na 24ª fase da operação Lava Jato,
realizada sexta-feira (4/3), procurava algo menos fantasioso para entender a
cinematográfica condução coercitiva do ex-presidente Lula para depoimento na
Polícia Federal em São Paulo, quando percebi que, principalmente a internet
estava lotada de “memes” que tinham como personagens o próprio conduzido e o
famoso “japonês da federal”, policial que sempre aparece em prisões ou na
remoção de presos. Na prática, uma foto que ganhou grande destaque, de Lula conduzido pelo japonês é falsa. Uma montagem grosseira de outra prisão.
Personagens de
segundo ou terceiro plano dessa história, o descendente de japoneses Nilton
Ishii, Chefe do Núcleo de Operações da Polícia Federal em Curitiba, ganha no
imaginário popular um primeiro plano ao lado do juiz que coordena os trabalhos
contra a corrupção na Petrobras, o juiz federal Sérgio Moro, esse já alçado ao
posto de “rei”.
O policial, em si,
está longe de ser herói, pelo andamento dos fatos. Ele é investigado por
suposta venda de informações sobre a operação Lava Jato para revistas e
jornais. Foi citado em gravações entre advogados e conduzidos na Lava Jato. A
TV Record divulgou que o policial teria vazado parte da delação de Nestor
Cerveró ao banqueiro André Esteves.
O descendente de japoneses Nilton Ishii, Chefe do Núcleo de Operações da PF em Curitiba |
Nilton trabalha
há 40 anos na PF. Em 2003, ele foi investigado pela própria Polícia Federal, na Operação
Sucuri, por suspeita de integrar uma organização criminosa acusada de
contrabando de fronteira. Sindicância
interna indicou que o “japonês” não era culpado Nilton foi reintegrado à PF em
cargo de confiança.
Ainda assim o
imaginário popular segue criando suas fantasias. Em 2018 veremos o resultado
desse reino de ilusões. É preciso torcer para que daqui a dois anos não acordemos
no meio de um pesadelo bem real e sem heróis para nos salvar.
É a velha história daquele samba "se gritar pega ladrão, não fica nenhum irmão". Abcs Silvio.
ResponderExcluirÉ a velha história daquele samba "se gritar pega ladrão, não fica nenhum irmão". Abcs Silvio.
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