Repúdio à retórica contra direitos humanos

Na semana que passou o Escritório Regional para América do Sul do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos expressou repúdio à “retórica de desrespeito contra os direitos humanos” durante a votação de admissibilidade do processo de impeachment presidencial na Câmara dos Deputados do Brasil, ocorrida no dia 17 de abril.
"The Wall" - Obra fictícia de Roger Waters (Pink Floyd) e a denúncia do fracasso da política totalitária

Em particular, o escritório condenou as manifestações do deputado federal Jair Bolsonaro em referência a Carlos Alberto Brilhante Ustra, reconhecido pela justiça brasileira e a Comissão Nacional da Verdade como um dos mais cruéis torturadores durante a ditadura militar no país.

“Repudiamos qualquer tipo de apologia às violações de direitos humanos como a tortura, que é absolutamente proibida pela Constituição brasileira e pelo direito internacional”, disse o representante do comissariado para América do Sul, Amerigo Incalcaterra. “Esse tipo de comentários são inaceitáveis, especialmente vindos de representantes das instituições brasileiras e eleitos por voto popular”.

O representante reiterou seu apelo ao Congresso Nacional, às autoridades políticas, judiciárias e à toda a sociedade brasileira a condenar qualquer forma de discurso de ódio, e a defender em toda circunstância os valores da democracia e da dignidade humana. 



Também começou a circular na internet, um vídeo em que a população é alertada sobre o crescimento da onda fascista no país. Na sede de justiça contra os criminosos, que não param de crescer, e da vontade de se acabar com corrupção que assola o país (ou seja apenas punir, sem acabar?), muitos brasileiros tem se deixado levar pelo discurso fascista. 

Defender o totalitarismo militar como solução para a crise institucional, moral e da segurança pública é um comportamento típico de analfabetos e preguiçosos. Basta ler a história, do Brasil e do mundo, para entender que a solução não se encontra fácil na arrogância dos coturnos, algemas, fuzis, da invasão de direitos e da tortura. O fracasso da política totalitária foi muito retratada, também, pela arte. Quem já viu "The Wall", de Rogers Waters?

Observadores sociais apontam para o risco da aceitação das distorções, quando a voz popular começa a gritar pelo totalitarismo. Foi assim que começou, na Alemanha do século XIX, com o discurso antissemita. Quando Hitler chegou ao poder na primeira metade do século XX havia um clima favorável a que se enviasse às câmaras de gás os judeus, que muitos consideravam a escória humana que infestava a sociedade alemã. 

Por fim, não há dúvidas que somente defendem o totalitarismo aqueles que acreditam estar livres da força descontrolada de agentes que não tenham limites. Basta que o parente, mesmo o mais distante, ou o conhecido do clube, o colega de trabalho, ou o pai do amigo do filho sofra injustamente alguma invasão para que o discurso mude radicalmente. 

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