O paraíso que se perde

A quarta-feira chegou ao fim com duas tristes conclusões. A primeira, diante do sepultamento do engenheiro Pedro Carvalho, à tarde, em Coronel Fabriciano, é que perdemos o paraíso para o crime. A segunda, que perdemos o paraíso por um descuido de não voltar onde um dia encontramos boa acolhida.

Não conheci Pedro Carvalho, sepultado hoje, mas sou amigo do irmão dele, Mário Carvalho Neto, editor da Revista Caminhos Gerais.

Pedro foi vítima de um latrocínio na estrada a caminho da bucólica Itaúnas, no Norte do ES. Conheci Itaúnas – a capital do “forró pé de serra” – quando estava à procura das dunas.

Fui conhecer o lugar que tinha uma vila soterrada pela areia e me apaixonei com a beleza cenográfica da natureza. Observar o deslocamento das dunas, em suas cristas, sob os raios do por, ou nascer do sol, é um fenômeno impagável.

Vi a vila como um lugar sem polícia, porque não havia necessidade de polícia num lugar sem crimes. Jovens, mais interessados em música do que qualquer outra coisa, completavam a paisagem. Mesmo sob vento forte do litoral, era fácil encontrar sempre grupinhos ao redor de um violão à beira da praia.

Incrível como perdemos os resquícios de paraíso para o crime. Fica difícil continuar a defender a paz e não aceitar que o porte de arma é uma necessidade. E porte de arma com um bom treinamento. Pedro encontrou a barreira da violência para sua última visita ao paraíso.
Dunas de Itaúnas, Norte do ES
Conquista
Outra notícia triste veio de Jaguaraçu, onde foi vítima de um acidente, o aposentado Juca de Castro. Trabalhador da linha férrea da antiga Acesita, ele possuía uma fazenda no alto da Serra da Conquista, em Marliéria.

Eu ia lá, sempre, há uns 15 anos. Mas, por aqueles acasos do destino, acabei por me afastar da propriedade do seu Juca, onde por muitas vezes saboreamos churrasco, comida do fogão a lenha e uma boa cachaça.

Prometi voltar, o tempo passou, não cumpri a promessa, nunca mais voltei, e o seu Juca morreu. Que descanse em paz e à família o mais profundo pesar. Guardo a lembrança eterna de um homem bom, proseador e da mesa farta que sempre apresentava em sua fazenda.

Comentários

  1. Daniel Boone de Carvalho23 de março de 2017 às 13:06

    Alex, a única democracia deste pobre país se chama impunidade.

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  2. Querido, a nossa Vila continua do mesmo jeito, com as suas incríveis belezas naturais, beleza cenográfica da natureza. Você poderá continuar observando o deslocamento das dunas, o nascer do sol...Lamentamos o caso ocorrido com a família do Pedro Carvalho, mas este foi um caso isolado, entretanto isso pode acontecer em qualquer parte do país chamado Brasil.O título da reportagem ficou muito exorbitante: "Paraíso que se perde", onde dá a entender que os dois casos aconteceram no mesmo local!Apenas uma dica, ok?!

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