Quando jovem tive
uma professora muito rígida que sempre alertava à classe sobre a força do
pensamento crítico, que poderia ser obtida nos livros. Afirmava Maria da Glória
que o normal da sociedade é aceitar que as pessoas sigam o mesmo caminho
determinado por quem detém o poder em um determinado momento histórico.
"Ser crítico pode levar o indivíduo ao enfrentamento de desafios para os quais precisa de determinação, força de vontade e convicção", avisava.
Acrescento à lista a resiliência. Quantas vezes precisamos mudar para sobreviver? Contas perdidas aos mais de 40 anos, querida professora.
Gostaria de ver
duas coisas: uma intelectual e uma moral.
"Ser crítico pode levar o indivíduo ao enfrentamento de desafios para os quais precisa de determinação, força de vontade e convicção", avisava.
Acrescento à lista a resiliência. Quantas vezes precisamos mudar para sobreviver? Contas perdidas aos mais de 40 anos, querida professora.
Estive afastado
da escrita do .Observador por um longo tempo, desanimado com a incompreensão
e patrulhamento. Mando às favas aqueles que vêm aqui para isso. Abro as portas
e o coração àqueles que são realmente amigos e vêm aqui em busca de outras
considerações. Aguardo os comentários e observações.
Pois nesses
tempos em que as pessoas buscam no discurso fácil de falsos mitos a solução
para crises profundas da sociedade dessa segunda década do século XXI, me vem à
memória a mensagem do filósofo pacifista Bertrand Russell, “A nossos
descendentes”.
Em uma entrevista
à rede de comunicação britânica, BBC, na década de 1960, no fechamento da
conversa, o professor foi questionado sobre uma situação que, passados 57 anos,
permanece atualíssima. Aliás, foi gravado com esse propósito. Retomo a participação
nesse minifúndio cibernético neste domingo, tomando emprestadas as palavras do
filósofo.
Uma última
pergunta: Suponhamos, professor Russell, que esta gravação seja vista por
nossos descendentes como os Manuscritos do Mar Morto, após centenas de anos. O
que pensa você que valeria a pena dizer a essa geração sobre a vida que você
levou e as lições que dela aprendeu?
Bertrand Arthur William Russell, Gales, * 1872 + 1970 |
A intelectual que
gostaria de dizer-lhes é esta: quando estiver estudando qualquer tema ou
considerando qualquer filosofia, pergunte apenas a si mesmo: Quais são os
fatos? E qual é a verdade que os fatos sustentam? Nunca se deixe desviar, seja
pelo que desejas acreditar ou pelo que acredita que lhe traria benefício se
assim fosse acreditado. Observe única e indubitavelmente quais são os fatos.
Este é o intelectual que quisera dizer.
A moral que
quisera dizer-lhes é muito simples. Devo dizer: O amor é sábio, o ódio é
estúpido. Neste mundo, que cada vez se torna mais e mais estreitamente
interconectado, temos que aprender a tolerar-nos uns aos outros, temos que
aprender a aceitar o fato de que alguém nos dirá coisas que não gostaremos. Só
podemos viver juntos dessa maneira. Se vamos viver juntos, e não morrer juntos,
devemos aprender um pouco de caridade e um pouco de tolerância, que é
absolutamente vital para a continuação da vida humana no planeta. Abaixo, o vídeo
com a entrevista:
Bem vido de volta, velho amigo!
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