Revolta previdenciária substituída pelo escândalo da carne


Ao longo da história recente no Brasil, somos sujeitados e assistimos bovinamente a substituição de um escândalo por outro no âmbito da política administrativa.

Agora cedo, observo que sumiram todas as manchetes acerca da crise formada pela reforma da previdência e seus efeitos. Em seu lugar, o que se destaca é o escândalo da carne brasileira.

Os “memes” da internet, antes voltados a destacar os efeitos malignos da reforma proposta pelo governo, sem qualquer preocupação social, desde sexta-feira deram lugar ao tema “carne com papelão”. “Carne vencida”. “É Friboi?” ou coisa parecida.  

De fato, o caso brasileiro da carne nos obriga à seguinte reflexão. Será que há, no Brasil, algum segmento, alguma coisa, alguma atividade, que não esteja permeado pela corrupção ou interesses escusos?

Segunda-feira (13) esse era o assunto na internet


Antes é preciso lembrar que não há novidade alguma no escândalo da carne. Até prova em contrário, o estouro desse escândalo tem como pano de fundo abafar o furacão da reforma da previdência, que tinha se tornado a maior crise desde o começo do governo de Michel Temer.
Uma semana depois esse é o assunto na internet
Parece inacreditável que as pessoas não saibam, até hoje, que existe nos alimentos produzidos com carne processada algo mais do que carne.

Pesquisas publicadas há mais de 15 anos comprovam que embutidos (principalmente salsichas) são um aglomerado de porcarias, inclusive celulose, ou papelão, como queiram. Há muitos anos brinco aqui em casa, quando raramente fazem cachorro quente: “hoje vamos ter papelão com molho?”.

Também não é surpresa o uso de conservantes, amaciantes, estabilizantes e realçadores de sabor nos alimentos, em sua maioria, cancerígenos.

Quanto às vultosas doações de campanha dos grandes grupos empresariais aos corruptos, dentro dos partidos políticos, trata-se de uma prática antiga amplamente investigada pela Operação Lavajato em relação a empreiteiras. 

É sabido que, certamente, ocorre em todos os outros setores econômicos. E daí? Onde está mesmo a novidade? Está lá no topo desse texto, abafando outro escândalo, o da privatização previdenciária.

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