Para não nos esquecermos da dor

Devolverei hoje,  às mãos de seu dono, o exemplar de “Os sonhos não envelhecem”.  Não é por acaso que o título é uma frase da canção “Clube da Esquina II”, música de autoria de Milton Nascimento, Lô Borges e Márcio Borges.

O livro vai bem além do que o relato sobre o mais importante movimento musical de Minas Gerais, o Clube da Esquina, um dos mais expressivos do Brasil,  articulado por um grupo de jovens de Belo Horizonte. 

O exemplar me foi emprestado pelo colega de redação, João Senna e foi meu companheiro de cabeceira nos últimos 60 dias. 


Milton Nascimento é personagem central desse depoimento de Márcio Borges, o primeiro parceiro de Milton que reconstrói a história do país em um dos piores momentos,  o início e o meio da ditadura militar que durou mais de duas décadas.

E essa reconstrução dá-se a partir das lembranças dos meninos que um dia se encantaram com a música e ganharam os bailes da vida em troca de pão. 

Os sonhos não envelhecem é daquelas leituras que você chega ao fim com a certeza que as crises devem servir como aprendizado para as gerações futuras,  a quem cabe o papel de defensores de um propósito claro: evitar que se repitam.

Deveria a atual geração de jovens lutar para que nunca mais se revoguem,  seja em nome do que for, a liberdade de expressão, a liberdade de criação da arte, as liberdades individuais e a garantia de direitos do cidadão. Valores esses que parecem esquecidos de alguns nesse tempo de crise sem fim das instituições.
Em cerca de 370 páginas, Márcio Borges destrincha a história do Clube da Esquina
Entretanto, entristecido, o que se vê é que jovens alienados do século XXI pedem coisas como intervenção, defendem o voto em intolerantes e outras aberrações, sob risco de pagar um preço alto, como pagaram os jovens dos anos 1970, protagonistas de "Os sonhos não envelhecem".

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