Quando damos vida ao extremista escondido em nós

As mídias sociais criaram um fenômeno deveras interessante. Os que pensam contrário a alguma causa são duramente escorraçados quando manifestam o que sentem. É preciso lembrar que ser de “esquerda” ou “direita” é um direito de escolha. Ou por acaso acordamos em uma época em que é proibido expressar o que se sente? 

Aliás, muitos dos envolvidos em escaramuças não saberiam citar nem sequer cinco pontos conceituais de uma coisa ou outra. Vivemos mesmo num tempo da inteligência tão curta quanto os 140 toques do Twitter. A propósito desse assunto é incrível que as pessoas estejam pelas ruas discutindo direita e esquerda como se estivessem antes da queda do Muro de Berlim. 

Pessoalmente recuso-me a discutir direita ou esquerda com quem não tiver lido, no mínimo, John Maynard Keynes e Adam Smith. Isso é uma questão de prudência. 

Citei o caso da política e economia, mas essa intolerância com o outro ocorre também nas questões religiosas, de grupos, de cor e gosto musical. Que pesadelo é esse, meu povo? 


Recentemente, diante de um fato marcante, de um agressão gratuita e de uma demonstração de ódio como nunca tinha visto, no Facebook, acionei o autor da agressão e a resposta foi sintomática: “Eu nem sabia que tinha feito ofensa. Nem imaginava que fossem ler isso. Vou apagar e me policiar para não fazer de novo”. Pasmem.

O fato é que, os signatários de uma corrente de pensamento qualquer dificilmente defendem quem abre sua página pessoal e faz uma publicação.

Entretanto, os que são contrários tratam de promover o “justiçamento” com ofensas, ameaças, e coação. Isso tem-se repetido continuamente. É um extremismo exacerbado. Parece-me que na incapacidade de debater ideias adota-se a agressão pessoal como o mote de qualquer discussão.

No fundo, cada um de nós tem um extremista escondido dentro da cabeça. Se antes a vergonha na cara o mantinha escondido em algum canto inconfessável, hoje, as mídias sociais o expõe de forma assustadora.

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