Engenheiros de obra pronta estão em ação

Tenho notado, em meio ao calor dos embates político-eleitorais de 2018, um reiterado comportamento de militantes dos partidos, que visa desqualificar o trabalho de jornalistas nas entrevistas com os candidatos, em especial, os que pleiteiam a Presidência da República.

Mais pasmado ainda estou quando vejo entre esses críticos de plantão, jornalistas, pseudo comunicadores sociais, que deveriam aterem-se ao papel de observadores e não protagonistas dos fatos.
O que incomoda é a crítica originária do desconhecimento generalizado que grassa por aí, de quem nunca sequer segurou um microfone sob a pressão dos fatos e do tempo
Que as empresas de comunicação têm um débito histórico com os brasileiros, isso não há dúvidas. Mas isso não justifica o lançamento de tudo o que se faz, hoje, na lata de lixo. Ser crítico demanda conhecimento e senso para não ser ridículo.

Acompanhei essa semana entrevistas com os dois candidatos, Ciro Gomes (segunda-feira) e Jair Bolsonaro (terça-feira), pela dupla  William Bonner e Renata Vasconcelos e, em ambas, é claro que algumas perguntas foram elencadas para tratar de assuntos pessoais em detrimento a questões determinantes para o país, entre elas, citaria a infraestrutura viária, que condena ao isolamento vastas regiões até hoje e atrasa o desenvolvimento de outras.

Num todo, as entrevistas foram positivas, no sentido de arrancar dos políticos o que realmente pensam acerca de questões como economia, desenvolvimento social, segurança pública, corrupção, entre outros.

O que incomoda no pós-entrevista é a insistência na tentativa de desqualificar o trabalho dos jornalistas. Primeiramente com o Roda Vida, depois com os debates e agora na série do Jornal Nacional. Os "idiotas da aldeia", de Humberto Eco, estão em demasia nas mídias sociais, distorcendo recortes dos fatos. Ou seria proposital, desviar para questões sem importância e deixar de lado os deslizes e inflexões de seus candidatos? 

No mais, o que vejo é um bando de engenheiros de obras prontas. Comunicadores sem capacidade sequer para fazer um vídeo de um minuto narrando um fato acham-se no direito de destilar suas asneiras na tentativa de desqualificar o trabalho de outros. Será por quê?

Quem critica algum dia já se viu com um microfone na mão, uma câmera apontada para sua fuça, um painel de medição de audiência piscando no alto da sala, ou a pressão do fechamento de uma edição de jornal, revista ou seja o que for? Vejo que não, em sua maioria. Nem como estagiários.

Portanto, faço minhas as palavras do Caco Antibes no antológico Sai de Baixo: “Cala a boca Magda!”, para não passar vergonha, acrescento.

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