Férias nos Lençóis Maranhenses, uma experiência incrível

Entre os dias 6 e 18 de agosto, em um curto período de férias, aproveitamos para visitar os Lençóis Maranhenses. Andreia Klein, afirma que foram as melhores férias de sua vida. Com mochilas nas costas, fomos vivenciar aquele lugar cujas imagens vemos com frequência nos livros e revistas.

Não sabíamos que ao tomar a decisão dessa viagem viveríamos uma experiência espetacular junto à natureza. Não há foto ou vídeo que retrate a realidade dos Lençóis Maranhenses. Resta-nos então uma memória e uma mensagem: Visite os lençóis.
Dunas espalhadas na vastidão requerem passeios com guias credenciados ou um bom GPS
Não farei aqui relatos da experiência humana, pois precisaria escrever um livro para isso. Entretanto, proponho-me a repassar informações úteis a quem quiser ir pela primeira vez. Espero que ajude na montagem de seu roteiro.

O começo de tudo é o aeroporto internacional de São Luís, capital do Maranhão, estado abençoado por sediar o Parque Nacional que abriga os lençóis. O destino principal para a visita pode ser a cidade de Barreirinhas, localizada a 254 quilômetros da capital, a mais estruturada de todas.

A alternativa é Santo Amaro do Maranhão, a 241 quilômetros. Nós fomos para Barreirinhas, depois Atins (outro destino imperdível) e, por fim, Santo Amaro do Maranhão, ao longo de 13 dias. Reserve, no mínimo três dias para cada cidade. Se não tiver nove dias, reserve dois para cada, no mínimo.

As rodovias são boas e a viagem de van ou ônibus de linha demora em torno de 4 horas, a partir do aeroporto. Pode-se ir de táxi ou ainda alugar um carro (essa última nem é recomendável, mais adiante entenderá por que).

As vans começam a circular às 4h, a partir do aeroporto. Antes de embarcar para São Luís, é bom procurar uma empresa que faz o transporte e agendar a viagem para Barreirinhas ou Santo Amaro. Marque seu vôo para um horário que pouse o mais próximo possível das 4h, para evitar longas horas de espera no aeroporto ou ter mais um gasto com hotel em São Luís.

Se pousar sem agendar a transferência para Barreirinhas ou Santo Amaro, terá que procurar vaga nas vans que partem de uma em uma hora. Já, por ônibus as partidas da rodoviária, que fica a 2 quilômetros do aeroporto, ocorrem às 6h, 8h45, 14h e 19h30 pela Viação Cisne Branco. Custo por pessoa, da van em agosto de 2018: R$ 70. Do ônibus: R$ 51.

Chegando em barreirinhas há variadas opções de hospedagem e alimentação. Hotéis, um resort, pousadas e hostels (hospedagem em quartos compartilhados – masculino e feminino separados, claro, ao custo médio de R$ 35 por pessoa a diária com café da manhã e cozinha coletiva) e até um camping e pousada (Paraíso do Caju).

A vida econômica da cidade depende basicamente do tripé: Lençóis, rio Preguiças e turistas. O turismo é a principal fonte de renda da população, que soube muito bem aproveitar o potencial. Entenda isso; você estará indo para um lugar turístico e sua presença é muito importante para eles e cada centavo gasto na cidade terá importância na estrutura social e econômica do lugar.
Vales formados entre as duas acumulam água da chuva 

Visita aos lençóis

Em Barreirinhas, para ir aos lençóis você terá que contratar um pacote de passeio em alguma agência. As partidas das picapes 4x4 ocorrem pela manhã e à tarde. Os melhores e mais concorridos são os da Lagoa Bonita e Lagoa Azul. Em agosto cada passeio custava R$ 80 por pessoa, à vista. Há outros passeios, todos em meio período. Há quem contrate dois passeios por dia. Nós entendemos que isso é desgastante e optamos por fazer um passeio por dia. 

Como já explicado, por Barreirinhas só se entra no parque acompanhado de guias. Você pode ir em grupos e aproveitar para conhecer pessoas ou contratar tudo privativo. Escolha pelas fotos e informações das agências.

Chega-se ao parque dos lençóis com uma travessia do rio Preguiças em balsas, que saem do Centro de Barreirinhas. Depois, os carros off-road percorrem em média 45 km dentro das matas, em estradas de areia solta. E balança muito. Prepare-se. Nenhum outro veículo 4x4 sobreviveu ao desafio. As Toyotas são predominantes no cenário, desde as antigas Bandeirantes até as Hilux mais modernas.

Depois das sacolejadas da viagem chega-se à margem do “deserto brasileiro”, onde estão as dunas e, entre elas, as lagoas. Não tem sombra de árvores. Leve protetor solar e roupas leves para cobrir o corpo quando não estiver na água. O vento que sopra do oceano engana o poder do sol no lugar. A areia microfina e branca parece potencializar os efeitos do sol. Cada passeio dura em média 5 horas. Leve apenas lanche e água. No interior do parque não tem restaurantes, nem lanchonetes.
Na maioria das lagoas a água é cristalina
Não deixe de fazer o passeio do rio Preguiças em lanchas voadoras, com paradas turísticas em povoados como Vassouras, Mandacaru e, por fim, Caburé. Essas mesmas lanchas podem ser contratadas para esticar a viagem até o povoado de Atins. Em agosto, pela Alternativa Turismo esse passeio custava R$ 80 por pessoa.

Atins merece um capítulo à parte. De um total de 14 dias, reservamos três dias para ficar nesse lugar. Compramos o pacote Caburé, com passagem de barco só de ida. Depois do almoço farto de peixe em Caburé, o comandante Araújo providenciou nossa ida até Atins. Foram mais 20 minutos de lancha pelo braço do rio Preguiças que se encontra com o mar.

Atins é um encanto roots

Gostaríamos de registrar uma experiência incrível, durante a estadia em Atins. Fomos na época dos plânctons, microorganismos luminosos, que podiam ser vistos à noite, ao remexer a água na arrebentação da praia. Dica importante: seja amigável com os nativos. Eles podem dar informações preciosas como essa dos plânctons.

Outros turistas que foram na mesma época e ficaram restritos aos guias das pousadas não tiveram o mesmo privilégio. Alguns acabaram indignados quando souberam de mim e Andreia a história dos plânctons. 

A vila de Atins, única do passeio aos lençóis que fica à beira do oceano Atlântico, é marcada pela presença de franceses que decidiram se mudar para lá. O lugar recebe também imigrantes italianos e alemães.

É comum ver-se em algum lugar em que não se fala o português. Pratique seu inglês e se dê bem. Os estrangeiros são muito curiosos, principalmente em relação ao estado de Minas Gerais. Muitos, entretanto, vêm para o Brasil sem dominar o português.

Quer fazer um intercâmbio cultural sem gastar com viagem internacional? Vá para Atins, no Maranhão. Você pode agendar hospedagem em Atins e contratar transporte do Aeroporto para a vila, sem parada em Barreirinhas. O lugar dispõe de pousadas, hostels e alguns poucos restaurantes. É o paraíso do Kitesurf. Pessoas de várias partes do planeta vão para Atins praticar o esporte. Aprendemos lá que  Atins é para quem gosta de “pé na areia” e “turismo roots”.

Mas além do mar e do kitesurf, as dunas dos Lençóis em Atins são espetaculares e a lagoa mais próxima, das Sete Mulheres é um espetáculo. 

Atins possui um importante ponto de apoio para as pessoas que todos os dias partem em grupos para a longa jornada da travessia a pé do deserto brasileiro. A travessia dura três dias e termina em outra cidade da região, Santo Amaro do Maranhão, no extremo norte dos lençóis. Se gosta de trekking essa rota é um show, com parada nos oásis no interior do parque.

O tal ponto de apoio para a partida dos caminhantes trata-se do Canto do Atins, onde está localizado o Restaurante do Antônio, com um lendário camarão grelhado. Vai ser “bão” assim lá longe.

Agradecemos aos nativos, Júnior, Maduro Caiçara, ao violeiro Alcântara e ao David que além de hospedagem e guia nos proporcionaram momentos de contação de “histórias do arco da velha”, sem contar o peixe assado na brasa e o contato com os plânctons, que estavam em grande quantidade no mar.
Centro da cidade de Santo Amaro: Alternativa para a entrada aos Lençóis Maranhenses

Descoberta de Santo Amaro

Depois da estadia em Atins voltamos para Barreirinhas. A melhor forma de ir e voltar a Atins é via barco pelo rio Preguiças, mas escolhemos a alternativa off-road numa 4x4 do francês David, que decidiu mudar-se do seu país para Atins, onde leciona kitesurf. O off-road entre as duas localidades é surreal e termina mais uma vez na travessia de balsa.

Aproveitamos a noite em Barreirinhas para o Festival de Jazz e Blues, no calçadão do cais. No dia seguinte fomos para Santo Amaro do Maranhão, pois tínhamos informações de passeios cabulosos nos lençóis e lagoas de água transparente de lá.

Fizemos viagem de uma hora e meia de ônibus ,linha Barreirinhas X São Luis a R$ 12 a passagem. O coletivo para no povoado de Sangue, trevo para Santo Amaro. Recomendamos que antes de partir nesse roteiro você agende para que o motorista de uma agência ou da cooperativa turística de Santo Amaro o apanhe no trevo. Ou fique à espera de um carro, que pode passar dentro de meia hora, como foi nosso caso, ou demorar mais de uma hora, como foi o caso de outros turistas.

Diferentemente de Barreirinhas, Santo Amaro é mais rústica. A cidade prepara-se somente agora para o turismo. Entretanto, já dispõe de uma rede de atendimento suficiente.

Além de agências, como já citado, existe uma cooperativa por meio da qual podem ser agendados passeios ao parque e todos os traslados necessários. Fizemos os passeios do roteiro Bethânia, com carros 4x4 e barco e o passeio das Lagoas Emendadas, 4x4 e caminhada de quatro horas até a duna mais alta de todo o parque.

Em Santo Amaro é possível também uma caminhada até a lagoa Tinoca, localizada a 3,5 quilômetros do Centro. Não se paga para entrar a pé no parque. Para ir à  lagoa não precisa de guia. 

Dica importante: Ande sempre próximo à vegetação na margem e use isso como referência para voltar. Evite caminhar entre as dunas, sob risco de se perder, a não ser que carregue um bom GPS ou tenha senso de navegação afinado. Entre as dunas não existem pontos fáceis de referência, para quem não está acostumado e há risco de se perder. 

É proibido deixar qualquer tipo de lixo no interior da unidade de conservação. Se entrar com lanche na mochila traga de volta até o guardanapo que usar.

De fato, as lagoas no lado norte do parque, ao redor de Santo Amaro São mais belas e menos movimentadas, em relação aos roteiros de Barreirinhas. Cada lugar tem seu encanto e essa é uma opinião pessoal, claro. Cada passeio em Santo Amaro varia de R$ 80 a 100 por pessoa.  Alguns são dia inteiro e outros, meio período.
Uma das muitas lagoas que podem ser visitadas, a partir de Santo Amaro
O transporte em ônibus ou van, não entra na cidade, pois no fim da rodovia que dá acesso a Santo Amaro começa um estradão de dois quilômetros em areia só percorrido por carros 4x4. Além disso tem a travessia do rio Alegre, com água no nível do motor dos veículos. Quem vai de carro tem que deixar o veículo antes da entrada da cidade e o estacionamento custa no mínimo R$ 30 a diária.

Dentro de Santo Amaro muitas ruas ainda não têm calçamento e igualmente são percorridas somente por veículos off-road. Ao fim da estadia é bom ir à cooperativa e agendar – com antecedência de um dia - a viagem de volta a São Luís.

Outra dica importante. Se precisar resolver alguma pendência usando o celular, saiba que o sinal das operadoras só funciona bem em Barreirinhas, em Atins e Santo Amaro o sinal de dados móveis é precário.  Igualmente, o sinal do Wi-Fi disponibilizado nas pousadas e restaurantes é instável.

O que são?

Por lençóis maranhenses entende-se uma área coberta por um quase deserto, tomada por imensas dunas. Há os grandes lençóis, dentro de uma área protegida, ao norte do rio Preguiças, e os pequenos Lenções, ao sul do Preguiças e ao norte do rio Parnaíba.

Como chove de forma constante na região, entre os meses de janeiro e julho, os pequenos vales entre as dunas são inundados pela água doce. Formam-se então lagoas que podem ser de dez metros de extensão até dois quilômetros.

A profundidade varia da água no tornozelo até 4 metros. Na medida em que a chuva acaba, a partir de julho, algumas das lagoas vão secando, até a chegada da nova temporada de chuva. Lagoa cheia significa diversão na certa, com águas cristalinas. O intervalo, de julho a setembro, é o momento ideal para a visita.

O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses tem 155 mil hectares (grandes lençóis) e a entrada ou travessia dele só pode ser feita por guias credenciados. Veículos 4x4 igualmente credenciados pelo ICMbio podem circular por algumas áreas, apenas. 


Cabana caiçara localizada entre os lençóis e o Oceano Atlântico

Centro comercial de Barreirinhas: cidade é a mais estruturada para receber turistas

Descida de "voadeira" pelo rio Preguiças em direção  a Atins

Entrada dos lençóis via Santo Amaro: único local de acesso sem guia ao parque

Farol Preguiças, mantido pela Marinha do Brasil

Passeios nas dunas e lagoas podem ser feitos em grupos como esse, animado pelo Fernando e Letícia com o guia Carlão, ou contratados guias privativos

Lagoa Tinoca, perto de Santo Amaro

Lagoa na base da maior duna dentro dos lençóis, com acesso por Santo Amaro. Essa duna é da rota das Emendadas

Ao fundo, parque eólico de Paulino Neves, uma das maiores usinas movidas pelo vento no Brasil
Por do sol visto nas proximidades da Lagoa Bonita, acessível por Barreirinhas
Travessia de balsa pelo rio Preguiças, em Barreirinhas
Uma das balsas usadas para a travessia Barreirinha/Lençois
Cais no Centro de Barreirinhas: partidas diárias para várias localidades

Comentários

  1. Lugar lindo, já fui aí há uns 11 anos. Tudo era muito difícil e muito caro. Agora imagino que deve ter melhorado o acesso e tudo continua muito caro. Mas vale a pena investir nesse passeio. Parabéns pelas fotos. Marcão. Abs

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  2. Que lugar incrível. Você tem o contato com pelo menos uma agência de turismo em Barreirinhas e outra de Santo Amaro?

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