No país do corporativismo como fica a prioridade para a vacina chegar ao “Zé do Limoeiro”?

Hoje pela manhã recebi um texto a respeito de um assunto que já vinha observando há tempos. O (Matinal, publicação eletrônica de Porto Alegre (RS) ressalta que, “enquanto não há vacina para todos, representantes de categorias que não saíram das ruas buscam, com mais ou menos sucesso junto ao poder público, antecipar a imunização de seus profissionais. O resultado, como esperado, acaba por não agradar a todos”.

Segunda-feira (6/4) o governo federal informou que já distribuiu 43 milhões de doses para estados e 
municípios. Do total, 21,1 milhões já foram aplicadas, deste total, 16,4 milhões como primeira dose

Ninguém pode negar que seja justificável, por motivos óbvios, que as equipes da área de saúde tenham ganhado prioridade absoluta na fila para receber doses contra o coronavirus Sars Cov 2, ao mesmo tempo em que idosos e pessoas com deficiência imunológica. Em seguida os agentes de segurança pública ganharam prioridade na vacinação, também justificável. Mas daí para a frente o que tem ocorrido é, no mínimo um descalabro.

No total, o Ministério da Saúde confirma que já recebeu 45 pedidos de prioridades. É o velho ditado, se a farinha é pouca, meu pirão primeiro. Cada categoria, com suas representações de classe trata de assegurar que os seus sejam vacinados primeiro contra essa peste que infesta o planeta, destrói famílias, interrompe projetos, apaga sonhos.

Entre os pedidos de prioridade estão: diabéticos, personal trainers, fonoaudiólogos, produtores rurais, professores, aeronautas, profissionais de limpeza, guardas municipais, burocratas das agências de regulação, seguranças privados, trabalhadores de telecomunicações, jornalistas e dentistas, dentre outros. A lista é grande.

São 45 requerimentos para mudar a ordem da fila determinada pelo Plano Nacional de Imunização (PNI). Ao que tudo indica, toda categoria ou grupo de pessoas que pode conseguir argumentos para defender a necessidade de ser prioridade recorre aos municípios, estados e união para a mudança na fila.

A pergunta que eu faço é: e o senhor José Silva, a senhora Mariinha do Clovis, o Antônio Ferreira, o Joaquim José, o Preto Pescador, ou o Zé do Limoeiro, pobres coitados dos rincões do Brasil? Será que alguém irá defender a prioridade deles como os reles brasileiros abandonados nos cantões urbanos ou rurais?

Na prática todos somos brasileiros, todos temos prioridades. Escalar prioridades na fila da vacina atendendo ao lobby de entidades de classe era só o que faltava nessa tragédia que vivemos. Tenham vergonha, senhores representantes de classes. Parem de assediar em causa própria e passem a defender vacina para todos nós, brasileiros.

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