As “vozes da minha cabeça” que alimentam uma espécie de psicose política

O inquérito da Polícia Federal acerca da rede de fake news e a atuação de uma tal “milícia digital” no Brasil, mais parece um roteiro de produção de série de streaming como Netflix ou Amazon. Mas, infelizmente, não é. Trata-se da mais pura realidade. É a fonte, a origem dessa espécie de psicose em que muitas pessoas parecem ter se enfiado nos últimos três ou quatro anos.

A divulgação de trechos do relatório da PF sobre o depoimento de um youtuber bolsonarista que se apresenta como ‘analista político’ é emblemática.

Em interrogatório à PF o paulistano negou a existência da pandemia de covid-19, que até este domingo (10) tirou a vida de 600.829 brasileiros, infectou 21,56 milhões, dos quais, 20,57 são considerados recuperados da doença, conforme dados do portal do Ministério da Saúde.

Mas Frazao afirma que segue “os maiores cientistas do mundo que afirmam que não existe covid”. É um caso de polícia mesmo.

Ele afirma que a produção é feita da seguinte forma: “liga a câmara e faz a transmissão como se estivesse em um botequim”.
Já assistiu ao documento "Dilema das Redes"? Aproveite o feriado prolongado e atualize-se.

Questionado pelos policiais acerca da preparação do conteúdo divulgado na internet, Frazão disse que ‘não há preparação nem edição de conteúdo’. Também afirmou que ‘não existe método de checagem’ sobre as informações disseminadas e que ele “faz a própria interpretação dos fatos”, ou seja, “vozes da minha cabeça”.

Sem emprego, o engenheiro atribui a falta de vagas a “empresas privadas ‘aparelhadas pela esquerda’ que o impedem de trabalhar”. Empresas privadas aparelhadas pela esquerda? É isso mesmo que você leu.

O engenheiro também disse à PF que recebe doações de alunos e seguidores, como fazia o astrólogo Olavo de Carvalho. Ficou assustado com tudo isso? Tem mais, aqui nessa reportagem.

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