Entre o fim do ano passado e o começo desse ano tenho andado atribulado. Falta-me tempo para vir aqui nesse minifúndio cibernético. Sobra tempo para uma corrida cedo, uma pedalada na serra ou um breve encontro com amigos para uma resenha presencial forte. E como essas coisas têm-me feito bem.
Mas quero falar brevemente sobre quando as pessoas desistem.
É triste ver quando as pessoas desanimam com um projeto, uma ideia, uma
proposta, um trabalho, uma vontade.
Há alguns anos entendi que “pedra de muito rola não cria limo”. Dessa forma, a tese da âncora, firme, garante segurança a uma embarcação e pode ser recolhida, se necessário mudar de lugar, sair para uma navegação distante e depois voltar e ancorar novamente. Estabilizar, depois sair e assim um ciclo se completa tal como o igapó que renova a vida a cada enchente de um rio no Pantanal.
Quem desiste fácil das coisas vive como um barco sem nunca ancorar,
navegando em mar revolto, jogando-se de um lado a outro. Risco há, de um dia
bater em um rochedo e afundar-se para sempre. Ou então vive como pedra que rola
sempre serra abaixo, de lugar em lugar, sem estabilizar nada, sem parar, sem
criar limo, sem criar vínculos. Vive numa eterna aventura, se desgastando e,
nesse processo, vai se desgastando e perdendo tamanho, perdendo importância.
E agora vejo amigos e conhecidos que partiram do Brasil.
Desistiram do nosso país, e não sem razão. Muitos fizeram escolhas erradas e
agora fogem da responsabilidade da consequência de suas escolhas pessoais, que
reflete em todos. Não diria que se acovardam, mas que levam em suas bagagens o
peso do que fizeram aqui. Das escolhas que fizeram nas urnas, da falta de
vontade de estudar e entender melhor o som ao redor, de perceber a hora de
lançar âncora ou a hora para içá-la.
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