Sim, nos podemos nos ajudar, a incrível história do robô de Sun Yuan e Peng Yu

Rola nas mídias sociais uma incrível história sobre uma obra de arte distópica chinesa que estava presente na Bienal de Veneza de 2019 e se tornou viral desde o fim de 2021. A obra de Sun Yuan e Peng Yu, intitulada ‘Can’t help myself’ (2016) retrata um braço mecânico tentando incessantemente coletar um fluido mecânico vermelho, similar ao sangue. O texto a seguir é um excerto de outro cuja autoria é incerta. Mas em resumo é o seguinte:

A obra "Não posso me ajudar" é um robô industrial de um braço mecânico e sensores visuais, instalado entre quatro paredes de acrílico transparente e tinha um dever específico e ininterrupto: conter um líquido hidráulico viscoso vermelho-escuro dentro de uma área próxima a ele para continuar a funcionar.

O fato de o braço puxar o líquido para si funcionava como uma tarefa de "sobrevivência". Quando os sensores detectavam que o fluido escorria demais, o braço robótico puxava-o para si, que voltava para o mecanismo.

Os artistas também deram ao robô a capacidade de fazer "danças felizes" e fazer movimentos que não eram necessários para manter o líquido hidráulico por perto. Quando tinha tempo o suficiente para não ter que puxar o líquido para si, o braço mecânico saudava os espectadores. Inicialmente o robô interagia com a multidão com frequência, mas com o decorrer do tempo o braço mecânico dançava cada vez menos, pois a quantidade de líquido hidráulico que vazava da máquina tornava-se cada vez maior.

Com o tempo, o robô passou a ter tempo apenas para tentar manter-se “vivo”, e por causa da escassez da lubrificação tornou-se cada vez mais ruidoso, gerando guinchos mecânicos que causavam impressão de cansaço e desespero. Finalmente, em 2019, o robô/obra de arte parou quando ficou sem líquido hidráulico.

A metáfora da obra é: Nós nos matamos mental e fisicamente o tempo todo, morremos sempre e ansiamos por viver. Sacrificamo-nos pelos outros, por dinheiro, por atenção, por sucesso, lentamente nos afogando com cada vez mais responsabilidades, e temos cada vez menos tempo livre para desfrutar da vida.

Mas há uma mensagem além do sisifismo da batalha pela sobrevivência. É verdade que não há escapatória do tempo. É verdade que o ciclo de todos se completa, e que nenhum de nós sai vivo deste mundo. Mas nós não somos máquinas, há tempo para que você se cure, descanse e ame. Nós sempre teremos tempo para dançar.

Diferentemente da máquina, nós podemos sempre nos ajudar. Não há segredo para uma vida mais equilibrada, entre nossos deveres, momentos de contemplação do infinito do mar ou do universo e algum tempo para uma meditação ou introspecção. Não dá para ser feliz quando se vive o tempo todo na muvuca. O silêncio é engrandecedor também.
O robô dos artistas Sun Yuan e Peng Yu trouxe uma metáfora do tempo que gastamos em vão

Um dia tem 24 horas, ainda que trabalhe 8 horas/dia, sobram outras 16. Durma cedo, acorde cedo, aproveite a luz do dia para resolver tudo ao redor, inclusive, fazer alguma atividade física junto à natureza. Gaste menos dinheiro do que recebe todo mês, dispense as insistentes reuniões sociais infrutíferas e não se preocupe em ter muitos amigos, pois, quando você mais precisar, no máximo um ou dois vão lhe socorrer.

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