Chile, um país décadas à frente do Brasil

Um país mais moderno, décadas à frente do Brasil em muitos aspectos. A começar pelo modelo Educacional. Foi o que encontrei no Chile, em uma jornada de férias em agosto de 2022. Em que pese problemas pontuais como a disparada nos preços de tudo, de alimentos a vestuário passando por serviços, endividamento da população e incerteza política, o país costeiro do oceano Pacífico conseguiu a proeza de ser um dos mais desenvolvidos da América Latina. 
Arredores do Parque Arauco, no bairro Las Condes, Santiago

O Chile foi sacudido em 2019 por uma convulsão social, em que pessoas se envolveram em protestos violentos, pedindo mudanças. Gente morreu, gente foi presa e as marcas dos protestos são vistas por todos os lados até hoje. E depois da convulsão que beirou uma guerra civil, veio a pandemia de covid-19 e as medidas sanitárias adotadas lá foram severas.

Os chilenos têm histórico de serem rigorosos com o controle sanitário. Espremidos entre o oceano Pacífico e a cordilheira dos Andes (que por si já representam barreiras intransponíveis), mantêm passos fronteiriços severos. E eles fazem de tudo para ficar longe de pragas. Suas vinícolas, no sopé da cordilheira, de onde saem vinhos de qualidade única, ficaram livres de pragas não foi por acaso. Hoje, o país passa por um processo de “acomodação” dos efeitos de tudo o que ocorreu entre 2019 e 2020.


Panorâmica da capital, a partir do Cerro Santa Lucía: predominância da cordilheira dos Andes ao fundo

Mas é fato que as pessoas estão pagando um preço muito alto por tudo o que ocorreu. Os preços dos alimentos atingiu níveis assustadores. Os chilenos pagam até o preço por um excesso de privatização. Os governos anteriores adotaram políticas liberais e só não privatizaram o ar porque não encontraram uma forma. Atendimento à saúde pública, aposentadorias e até a água do Chile foram privatizados. Isso não deu muito certo. Com grande riqueza gerada a partir da mineração de Cobre, o país enriqueceu nas décadas anteriores. Os governantes acreditaram na "mão livre" do mercado e hoje tentam voltar atrás. Só para ficar num exemplo prático, há o caso dos aposentados, muitos passaram a receber menos do que o salário mínimo necessário para sobrevivência. Mudanças prometidas com uma nova Constituição empacaram com a rejeição popular (62%) do novo texto, no dia 4/9.


Cenário urbano: no centro do Sky Costanera, considerado o maior edifício da America Latina

Mas relatei tudo isso para chegar ao ponto que interessa. O Chile mantém uma forte identidade cultural com o passado colonizado pelos espanhóis. Muito mais forte do que os laços que brasileiros mantêm com Portugal. 
 O novo e o histórico convivem bem. O país tem uma forte tendência em reconhecer suas figuras historicas, os seus heróis.

O sentimento que se vê nas ruas das cidades é de um ordenamento urbano bem mais evoluído que no Brasil. Faixas destinadas aos ciclistas têm indicações de quem deve trafegar pela direita e esquerda. No trânsito são chegados na buzina. Sentam o dedo por qualquer motivo, mas obedecem faixa de pedestres mesmo no trânsito caótico de Santiago nos horários de ponta.

Fixação por regras de cirulação: ciclista tem faixa exclusiva nas calçadas e obrigados a obedecerem sentido de direção 

Agradecem por tudo o tempo todo “gracias”, sempre se dirigem uns aos outros com um “hola”, “perdón”, ou “permiso”, antes de fazerem uma pergunta. Entradas dos estabelecimentos comerciais também têm demarcado o lado direito para a entrada e o esquerdo para a saída, coisa que se repete nos ônibus e metrô (o de Santiago e Viña del Mar/Valparaíso) são muito eficientes, rápidos e limpos.

Basílica dos Sacramentinos, no Centro histórico de Santiago

O Chile também está à frente do Brasil em termos de segurança pública. Circulando por muitos pontos de Santiago, mesmo em cidades como Valparaíso, não se ouve falar em roubos. O que existe no Chile, como em muitos outros lugares são os furtos. Desta forma, havia relatos de furtos de carteiras e telefones nos bolsos das calças ou desprotegidos em bolsas à tiracolo mal fechadas. Os casos foram reportados em praças de alimentação de shoppings, metrô e estações. Eu não presenciei nada neste sentido. 
À esquerda, prédios históricos da bolsa de Comércio do Chile

O turista e o viajante são “bienevenidos”

De forma geral, o Chile trata bem o turista. E nas cidades encontrei pessoas de toda parte do mundo. Tratam bem o viajante, que é meu caso. Que se compreenda o que diferencia o turista do viajante. O turista vai a um lugar, tira uma foto e vai embora. O viajante, chega, convive por um tempo com o povo de um lugar, compartilha de sua companhia e sua comida e somente depois de compreender o lugar vai embora. 

Por isso viajo de mochilão, sem pressa nem pacotes, traço meus próprios roteiros, não vou a atrativos “badalados” e faço imersões que me rendem boas lembranças para sempre. Gasto meu suado dinheiro para ter as melhores recordações. 

Daqui a pouco relato mais sobre cada um dos lugares por onde passei no Chile, um pais com pouco mais de 17 milhões de habitantes, apenas 175 quilômetros de largura e uma extensão que vai da América austral à fronteira com o Peru, somando 6 mil quilômetros de Costa com o Pacífico.
Passarela do shopping Costanera, com ligação com a estação do metrô 

Catedral Metropolitana de Santiago, na Plaza de Armas 
Chile: Pouco mais de 17 milhões de habitantes, apenas 
175 quilômetros de largura e 6 mil quilômetros de costa no oceano Pacífico

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