2023 é logo ali e será um ano árduo para a maioria de nós

O que vimos ontem nas ruas? Vimos o brasileiro tratando a política da mesma forma que uma final de campeonato de futebol de várzea. Nós fomos às urnas votar no menos pior, esquecendo que na lista havia vários outros nomes. Bolsonaro e Lula não eram as únicas alternativas. Tínhamos opções. 

Poderíamos ter escolhido outros nomes, fora do espectro político direita/esquerda. Ainda que não fosse um nome como Ciro Gomes, ainda havia a opção de Simone Tebet. 

Do ponto de vista da economia, precisamos de um presidente que não seja tão paternalista como os dois polarizados. Um, virou adepto de “auxílios” com fins visivelmente eleitoreiros. Isso custou caro aos brasileiros. 

Dia 29/9 o Ministério da Economia divulgou que as contas públicas (déficit primário) tiveram um rombo de R$ 49,97 bilhões (em agosto). O outro candidato, por natureza, sempre adotou uma política de ajuda, bolsas e outras benesses que saíram dos cofres mantidos pelos contribuintes. 

Que a pobreza precisa ser combatida, isso é inegável, mas não custa lembrar que essa ideia de conceder auxílios, bônus, ajuda em cima de ajuda, é puro populismo que não resolve a má distribuição de renda no Brasil.   

O que temos é sempre resultado de nossas escolhas. É óbvio que um presidente de um espectro político mais neutro, nem tanto à esquerda e nem tanto à direita seria uma importante escolha nesse momento, para deflagrar a pacificação política do país. Divididos, como estamos, odiando a quem não pensa igual, não iremos a lugar algum. Ou teremos algo sempre pior. Um nome que fosse neutro, equilibrado, que se pautasse pela razão em vez da emoção, seria mais importante para o mercado e mais importante para as relações com o Congresso e os demais poderes da República. Seria mais apropriado para o Brasil.  

Hoje, 3 de outubro, começa a campanha eleitoral do segundo turno. Dia 30 voltamos às urnas. Independentemente de quem for eleito é bom que saibamos de uma coisa. O Brasil de 2023 vai duro para todos nós. O ano novo é logo ali, mas ainda este ano, anotem aí, teremos escaladas nos preços de tudo no comércio. Altas de preços represadas a pedido de Paulo Guedes estarão livres depois do segundo turno. O pobre vai ficar mais pobre e a classe média vai ficar mais perto dos pobres. Pelo menos uma parcela considerável dela. Já, o rico,  é uma situação à parte. 

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) mostra que 1% dos brasileiros (2,12 milhões de pessoas) com os maiores rendimentos mensais recebe, em média, 38,4 vezes mais do que a metade da população do país (106,3 milhões de pessoas) com os menores rendimentos. Essa parcela é “imunizada” contra os altos e baixos da política econômica. 

Dia de votaçao: material de campanha recolhido por servidores da limpeza pública 

Por fim, é lamentável que em vez de discutir saídas para a sinuca de bico da economia, o debate que ganha as ruas na eleição seja apenas sobre temas morais. Querem discutir aborto, orientação sexual, ou religiosidade, assuntos de fácil digestão pela massa, assuntos que tocam no emocional de forma rápida e eficaz, encobrindo a necessidade de discutir questões muito mais relevantes. 

Dentre os temas cruciais não discutidos estão, a reforma da Previdência, que excluiu milhões de pessoas da chance de se aposentar e cortou pela metade o benefício de pensionistas, o acesso à alimentação, a reforma tributária para aliviar a carga sobre os menos favorecidos, a reforma política para rever o descalabro da máquina pública em todas as esferas, ou mesmo a necessidade de atualizar leis como o Código Penal. Cínicos, calculistas, interessados apenas na carreira política, relegam a um plano inferior a maioria dos brasileiros, que apenas vota. Não se trata da "festa da democracia", mas sim, uma "mentira das urnas". 

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