Quando vejo pobre vociferando feito um cão de guarda, quando o assunto taxação de grandes fortunas é jogado na mesa, lembro-me que, pelas regras atuais, quem recebe salário até R$ 1.903 está isento de pagar Imposto de Renda.
Entretanto, se a tabela do IR tivesse sido corrigida pela inflação acumulada nos últimos quatro anos, a isenção seria para quem recebe até R$ 4.465. A defasagem é de mais de 100%.
Como resultado, o governo arrecadou R$ 149 bilhões a mais em cima dos mais pobres. O governo, claro, comemora.
Mesmo diante desse cenário desumano, o desinformado do brasileiro prefere se preocupar com a possibilidade de taxação de grandes fortunas e, no papel de cão de guarda, defende o acúmulo de capital dos bilionários sem entender que ele está sendo depenado na cara dura. Ô Sr. Paulo Guedes, vamos tabalhar, velhinho.
O entendimento é que o sistema tributário do Brasil é injusto e acentua a concentração da renda, ao invés de diminuí-la.
O tributo deve ser um instrumento de diminuição das desigualdades sociais não apenas no momento em que é aplicado nas políticas públicas, mas também no momento em que é recolhido. Quem tem mais deve pagar mais e quem tem menos deve pagar menos.
Os tributos servem para custear tanto a máquina estatal quanto os serviços públicos, como saúde, educação e segurança. De forma geral, eles incidem sobre três bases: o consumo, a renda e o patrimônio dos cidadãos e das empresas. Em todos os três pilares, existem distorções que beneficiam os ricos e penalizam os pobres.
A tributação do consumo é aquela embutida no preço de produtos e serviços. Como os tributos incidentes sobre determinada mercadoria são iguais para qualquer consumidor, quem ganha pouco, na comparação com quem ganha muito, acaba perdendo um pedaço maior da sua renda com esses tributos na hora da compra. No quadro abaixo, publicado pela Agência Senado, há exemplos práticos do que ocorre.
Comentários
Postar um comentário