Dito isso, é importante entender que há muitas semelhanças entre Bolsonaro e Chávez. Os dois tinham histórico de serem militares insubordinados. Outras semelhanças: ataques à instituições da República, querer dissolver o Supremo Tribunal, aparelhar os sistemas do Estado para facilitar a corrupção e a impunidade, colocar sigilos, encher o governo de militares - a diferença entre eles é que Chávez conseguiu mais.
Em um país 100% dependente do petróleo, sem agricultura diversificada e sem indústria consolidada e tampouco agricultura capaz de abastecer a demanda interna, afundou o país. Seu bem mais precioso, o petróleo, é uma commoditie altamente volátil no mercado internacional. Além disso, ao ser submetido aos bloqueios econômicos estabelecidos pelo “xerife” do mundo chamado Estados Unidos, a Venezuela ficou ilhada, com as principais linhas de abastecimento cortadas. Importante frisar que EUA, com uma fome insaciável por petróleo, sempre quiseram ter nas suas mãos os governantes venezuelanos, para negociar preços bem amigáveis pelo produto.
Ainda assim não há como ocorrer no Brasil o que houve na Venezuela. Os cientistas políticos citam que no Brasil as instituições, embora abaladas depois de bombardeadas durante 3 anos e 10 meses do atual governo, ainda são bem mais fortes em relação à Venezuela. A oposição se afirmou ao também eleger um número expressivo de representantes para o Congresso e o STF também tem amparo para se manter de pé.
Em outro ambiente, a economia Brasileira é colossal e muito diversificada. Ao menor sinal de risco de prejuízos frente às ações políticas de Brasília, os donos do capital rapidamente se movimentariam no sentido de garantir o establishment. Um dos graves problemas é o gosto pelo poder. Militares, depois que ascendem à cadeira imperial não gostam de deixa-la. É exatamente o que ocorre na Venezuela hoje e ocorreu no Brasil entre 1964 e 1985.
Sempre quis saber como, mesmo com tamanha desgraça, os ditadores venezuelanos conseguiram se sustentar no poder. Chaves foi eleito democraticamente em 1998 e permaneceu no cargo até sua morte em 2013. Mauduro foi o sucessor, mas como continou lá?
Quem deu a resposta foi um antigo comerciante venezuelano que encontrei em recente viagem a Santiago, Chile: “El gobierno de Chávez empezó a repartir bonos, cada vez daba más bonos a la gente y cuando veíamos, no teníamos trabajo, no teníamos nada más que dependencia del dinero público, pero no había nada para comprar en los supermercados”. Dependência de bolsas, auxílios e bônus é um assunto que o governo brasileiro sempre incentivou. Começou com o governo do PSDB, recrudesceu no governo do PT e agora virou um descalabro sem tamanho.
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