Terra sem lei e manipulação da opinião

De domingo até esta quarta-feira (5/10), o caos das fake news inundou as mídias sociais. A manipulação que coloca em risco a democracia, sem mediadores sujeitos à ação da lei, o clima de terra sem lei, onde impera o poder do mais forte deixa todos vulneráveis. 

Duas constatações são preocupantes: 

Primeiro, os apoiadores do governo que disseminam notícias falsas sobre coisas como banheiro unissex, fechamento de igrejas, mensagens odiosas contra nordestinos entre outras sandices sabem perfeitamente que estão fazendo isso de forma maldosa. Eles nem sequer escondem isso mais ao serem confrontados. 

Segundo, alguns apoiadores de Lula adotaram as mesmas armas e partiram para a guerrilha digital para enfrentar o adversário, que desde muito tempo, lá pelos idos de 2015, usa e abusa do recurso tecnológico para manipular e desinformar.

A quem interessa o desconhecimento gerado com a desacreditação da ciência, educação, comunicções e as instituições democráticas?  

Da terraplana à desinformação sobre vacinas, a turma da milícia digital não se envergonha de agir como o diabo: roubam a esperança das pessoas, destroem a verdade e matam a democracia. Disseminar a mentira é agir como o diabo. 

Ao desacreditar a Imprensa, a Justiça, a Ciência, a Educação e até o Direito, essa gente tem um objetivo bem sólido: garantir espaço para sua mentira confortável. E nessa toada, o Brasil deixa de discutir questões determinantes para sair do fundo do poço, enquanto engana a todos empurrando a massa manobrável para o curral da discussão de assuntos com temas morais, questão dominante nos grupos dos aloprados de ambos os lados.   

Na cara dura, citam Venezuela, sem levar em conta que as mazelas que se abatem sobre aquele pais irmão advém, fundamentalmente, do embargo econômico imposto pelo “xerife do mundo”, chamado Estados Unidos, que tem uma fome voraz por petróleo. Citam Argentina e Chile sem nunca terem ido nem sequer a uma fronteira desses países, citam a corrupção de um governo sem admitir a corrupção escrachada do outro e apontam o dedo para uma suposta doutrinação nas artes e na escola, como se estivessem em condições neutras para isso. Ou seja, se for a doutrinação de “esquerda”, não pode, mas se for de “direita”, pode? 

E diante desse estado de coisas, pessoas sem a menor condição de entender o caos diante delas, sem saber o que fazer, caem nas armadilhas dessa gente ruim. Quer um exemplo dessa situação? Segunda-feira (3), ao comentar sobre o resultado da votação no domingo, uma trabalhadora tentava entender as notícias que lia no grupo de WhatsApp da família: “mas aqui, com esse segundo turno, o prefeito continua no cargo?”, quis saber. Essa é a dura realidade de uma camada expressiva de brasileiros, relegados ao desconhecimento, sujeitos a toda sorte de manipulação. 

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