No limite da elite do atraso

Neste fim de semana lembrava-me da leitura de "A elite do atraso", de Jessé de Souza, quando por um daqueles acasos me surge a notícia do Diário do Centro do Mundo com a seguinte chamada: “Clube de elite de SP proíbe babás sozinhas em restaurante e estabelece vestimenta”: calça legging com camiseta até os joelhos e limitação de áreas que poderiam ser frequentadas pelas babás, prioritariamente acompanhadas das crias dos sócios, estão entre as "normas" do lugar.

Fui lá ver o que a “elite do atraso” anda a aprontar. A notícia informa que frequentadores de um clube de alta classe em São Paulo receberam um comunicado da diretoria que estabelece regras para a entrada e permanência de babás no local.

A notícia em questão cita como fonte a colunista Mônica Bergamo, no jornal Folha de S. Paulo, mas traz uma cópia do trecho do regulamento interno do clube, com a confirmação das exigências e até uma nota com o posicionamento da entidade.


Conforme o documento, profissionais (babás) não podem frequentar os restaurantes da sede ou da piscina do clube Sociedade Harmonia de Tênis, na Zona Oeste da capital paulista, exceto se estiverem "acompanhadas das crianças e dos patrões".

As babás só podem se alimentar nas mesas entre o quiosque e a piscina infantil e nas mesas em frente ao balcão da lanchonete da piscina. Demais, as babás só "terão permanência admitida" em parquinho, quiosque, vestiário infantil e na sala de espera ao lado da portaria social. Se as crianças estiverem em atividades, elas devem permanecer em um desses locais.

Regras para roupas

O clube elitista também definiu regras para as roupas. Segundo o comunicado, são permitidas bermudas na altura do joelho e camiseta na cor branca, sem qualquer tipo de inscrição, estampa ou transparência.

Legging também é permitida, mas precisa ser usada com camiseta branca com comprimento próximo ao joelho.

O comunicado ainda impõe regras para motoristas particulares. Além de terem que usar uniforme na cor azul, devem aguardar os sócios do lado externo das portarias, o que já é praxe em várias entidades recreativas dessa natureza.

Confirmação

Por meio de nota, o Sociedade Harmonia de Tênis afirmou que, com o aumento de sócios do clube, foi necessário reforçar políticas já existentes referentes a não-sócios. O clube ressaltou que o documento "tem a validação da maioria dos associados.

"Vale destacar que, em nenhum momento, essas medidas limitam, restringem ou discriminam a presença destes acompanhantes em qualquer ambiente. Pelo contrário. Foram adicionados espaços não-obrigatórios nos quais os visitantes têm preferência para ocupação, seguindo exatamente os mesmos padrões oferecidos aos sócios nos espaços anteriores", diz o clube.

Sobre o uso de uniformes, o Harmonia informou que "é um requerimento que precisa ser seguido por quem desejar utilizar nossa estrutura, assim como há regras proibindo consumo de bebidas alcoólicas, fumo ou desenvolvimento de atividades que não estejam em conformidade com a função profissional.
E leitura de Jessé de Souza nunca foi tão importante para a compreensão de fenômenos sociais como esse do artigo acima

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