No fim de semana que passou eu juntei minhas tralhas de camping e fui para o mato. Bem perto de Pingo-d’Água há uma boa área de acampamento, bem estruturada, com lugares tanto para montar barracas quanto chalés para alugar. Prefiro barraca e gosto de cozinhar no camping. Fui pra lá com a Andreia, companheira de longa jornada de vida, e um casal de amigos de longa data, Lucineia e Jeferson, de boa prosa e ânimo.
Precisamos falar mais sobre um tempo para cada um de
nós. É que nos dedicamos tanto ao trabalho, aos afazeres diários, que às vezes
nos esquecemos de nós. Vendemos tempo de vida em troca de um salário ou de um
negócio próprio, e nos esquecemos de parar para olhar as estrelas, a lua ou o
calor de uma fogueirinha no chão enquanto rola assuntos aleatórios e
recordações de bons momentos vividos ou mesmo apreensões, temores e soluções.
Há algum tempo decidi me afastar dos eventos
sociais, que passei a considerar uma enorme perda de tempo. Não trazem nada de
útil, não agregam valores, a rede de contatos é tênue e, quando você realmente
necessita, ela serve muito pouco. Na prática, esses encontros sociais
furtam-nos um tempo precioso que poderia ser nosso. Pois vesti-me de uma porção
boa de egoísmo e passei a investir esse tempo na família e em poucos, mas
sinceros e desinteressados amigos.
Conheço pessoas importantes que tiveram uma vida intensa social, produtiva, mas partiram reclamando de vazio existencial. Conheço pessoas que viveram o auge, mas se perderam diante do desconforto e apreensão relacionados à condição humana, à finitude e à busca por sentido na vida.
Nesse contexto, é impossível não resgatar a
lembrança da mensagem de Pepe Mujica, político uruguaio que se tornou célebre
por suas reflexões filosóficas estoicas, especialmente sobre a vida, o consumo
e a importância de valores como a simplicidade e a liberdade. "A vida não
é só trabalhar. É preciso deixar um bom capítulo para a loucura que cada um
tem. Você é livre quando gasta o tempo da sua vida em coisas que te motivam,
que você gosta", nos ensina o ilustre ex-presidente uruguaio.
Sem mais, lembro a todos e convido a você que lê, a
uma imersão no Estoicismo. Nada mais racional que a busca pela virtude e
felicidade com o autocontrole, aceitação do que não pode ser mudado e vivência
em harmonia com a natureza e a razão.
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