Em agosto de 2022, na conclusão de uma viagem ao Chile fui conhecer o Oceano Pacífico. Eu e Andreia saímos de Calama, no deserto do Atacama às 12h em um voo de 2h30 até Santiago. Da capital, a viagem é feita de ônibus até Viña del Mar. A vizinha Valparaiso seria o próximo destino.
À beira do Pacífico, as duas cidades são interligadas, mas apresentam um contraste arquitetônico gigante: a primeira é moderna e a segunda, histórica e boêmia. Viña é marcada por prédios elevados em forma de escada e suas praias se estendem do Centro até Concon (aproximadamente 20 quilômetros), uma parte costeira com forte presença de surfistas.
Por causa da falha geológica de Nazca, o litoral do Chile é sujeito a ocorrência de tsunamis e tremores de terra. Há placas indicando rotas de fuga em vários lugares. Todas as construções são adaptadas para suportarem os tremores de terra que são recorrentes. Todos os dias são registrados tremores. Alguns imperceptíveis aos humanos, mas monitorados o tempo todo pelo pelo Servicio Nacional de Geología y Minería.
Essa viagem foi a realização de outro sonho. Depois da neve na Cordilheira dos Andes e do fascinante deserto do Atacama, conhecer o Pacífico era o grand finale dessa jornada. Fomos nos hospedar na casa de uma família em Reñaca, um charmoso balneário de Viña del Mar.
Para a nossa sorte a anfitriã, Carol Wallis, foi uma pessoa especial, que nos deu verdadeiras aulas de política e socioeconomia de seu país, além do que nos apresentou dicas de passeios incríveis.
Passamos 7 dias entre Viña de Mar, com seus encantos atlânticos e gastronômicos, e Valparaíso. Essa última, com mais de 300 mil habitantes, foi fundada em 1544 pelo espanhol Pedro de Valdívia e declarada Patrimônio da Humanidade da Unesco em 2003.
Andando pelas ruas entendemos o porquê do prêmio: arquitetura colonial ímpar, design, história e contribuições culturais para o Chile. Não foi por acaso é que Pablo Neruda, o mais aclamado poeta chileno, a escolheu para construir no alto do Serro Bellavista, uma de suas icônicas casas – hoje, transformada em atração turística.
Valparaíso, como toda cidade turística tem um trânsito caótico. O lugar é marcado por feiras onde se compra de tudo e, ao lado, o porto, o maior do Chile. É uma cidade também com forte presença da Marinha Armada.
O que visitar em cada uma das cidades
Normalmente, quem está em Santiago tem oferecido nas agências de turismo viagens do tipo “bate-volta” a Viña del Mar e Valparaíso. São apenas 120 quilômetros da capital até o litoral. Eu recomendo que saia da rota oferecida pelas agências. Vá por conta às duas cidades.
Pela ordem geográfica recomendo um dia para conhecer Concon e Reñaca. Esses dois lugares têm uma aparência moderna, restaurantes, baladas e, portanto com forte presença de jovens adultos. A prática de atividades físicas é intensa, no calçadão e na areia.
Depois recomendo mais um dia para conhecer Viña del Mar. O centro, afastado duas quadras da praia, é moderno e marcado por grandes redes de lojas, shopping, restaurantes, um cassino e construções históricas como Castillo Wulff. De quebra, aproveite para ver o pôr do sol no Pacífico.
Não deixe para visitar amanhã o deserto do Atacama que pode visitar hoje
Chile, um país décadas à frente do Brasil
Passeio histórico por Valpo
De Viña del Mar pegue o metrô, o ônibus ou o carro do aplicativo e vá para Valparaíso, ou Valpo, para os íntimos. A viagem dura 15 minutos. No mínimo mais dois dias para conhecer os principais cerros, dentre eles, Cerro Bellavista, Cerro Alegre, Cerro Concepcion. A maioria deles conta com o transporte funicular, elevadores muito antigos, mas que aliviam a subida íngreme de alguns dos lugares mais famosos.
Antes do ponto final do metrô em Valparaíso há uma estação em frente ao Caleta Portales. Trata-se de um mercado de peixes com restaurantes espetaculares para quem gosta da culinária à base de pescados. Experimentei o lendário Reineta a lo pobre (peixe frito, batata e ovo frito).
No centro de Valpo, em outro dia, escolhi cadillo de Congrio
rosa com alho poró, enquanto Andreia, desconfiada, escolheu risoto de camarão. Em
todos os dias, aproveite para saborear os excelentes vinhos chilenos e respirar
o ar puro do Pacífico. A propósito é proibido beber em público no Chile. Antes mesmo
de ser multado pela polícia, os próprios moradores alertam que é proibido beber
em público. Para se ter ideia da situação, os quiosques na praia vendem
sorvete, refrigerantes, água e café, mas não vendem bebidas alcoólicas.
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